Um povo sem memória é certamente um povo condenado a repetir os erros do passado.
O pior, num país que apenas circunstancialmente se lembra da sua história impar, é certamente a maioria dos Portugueses não retirarem qualquer inspiração do melhor que o seu grandioso passado tem para oferecer...
Uma das grandes deficiências que contribuem para esta situação, é a ausência de investimento na promoção da história nacional (com honrosas excepções), de uma forma que seja compreensível e envolvente para a generalidade dos Portugueses. Para além de nomes e datas, existe um exemplo, um significado útil, individual ou colectivo, por trás de cada acção histórica, que interessa muito mais explicar.
A história, tal como a língua, é verdadeiramente a nossa identidade colectiva; o seu desprezo revela bem a falta de amor-próprio e a incompreensão dos nossos feitos passados.
Aqueles que lutam para tornar a nossa história mais compreensivel, logo mais próxima de todos nós, encontram mais dificuldades do que apoios ou reconhecimento; mas o que importa afinal, não é a chegada, é o trajecto...
António Salvador Marques é um desses homens, que não tenho a honra de conhecer. Mas o seu admirável trabalho merece ser mais conhecido e mesmo ensinado - uma impressionante investigação a um dos mais famosos simbolos artisticos portugueses - os Painéis de S. Vicente de Fora (Museu de arte Antiga), explica e corrige, de uma assentada, várias incongruências associadas a essa obra e à "imagem de marca" da figura que tem sido apontada como o Infante D.Henrique (siga o link apenas se é daqueles que gosta de saber o fim, antes de ver o filme).
António Salvador Marques vai de pista em pista, desmontando a enorme "charada" como ele lhe chama, sempre um passo à nossa frente, conduzindo-nos a surpreendentes descobertas e a ver o célebre políptico, literalmente com outros olhos. Concorde-se ou não com todas as intrepretações, somos convidados pelo autor a avaliar por nós próprios as respostas. E o que conta, não é afinal a viagem?
Para quem gosta de charadas e mistérios, não há necessidade de ir mais longe.
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