31.1.07

Tragédia Real

Dia 1 de Fevereiro de 2007 completam-se 99 anos, desde que S.A.R. D. Carlos I e o Príncipe Herdeiro D. Luís Filipe foram assassinados, em público, na Praça do Comércio, perante os olhos da Rainha, esposa e mãe, que também viu o outro seu filho ser alvejado. Porém, o príncipe D. Manuel e a Monarquia sobreviveram ao ferimento; e “Rei Morto-Rei Posto” – o príncipe que não nasceu nem pediu para ser rei, veio a sê-lo, por mais dois anos, como D. Manuel II.

Quase 100 depois, ainda não foi completamente assumido esse crime hediondo, que parece ter sido o molde de mais dois, também famosos – o assassínio do Arquiduque da Áustria-Hungria, poucos anos depois, em 1914 (evento que despoletou a 1ª Guerra Mundial); e o também ainda misterioso homicídio de John F. Kennedy.

Todos estes actos terroristas, radicalizados, têm em comum vários elementos, como sejam a mais alta figura do Estado ter perdido a vida de modo violento, enquanto se deslocavam num veiculo aberto, na companhia das esposas, em público e em tempo de paz.

Estes actos bárbaros tiveram consequências bastante negativas, logicamente e primeiramente para as vítimas, para as famílias, e posteriormente para os próprios países (ou ainda para além deles).

A situação do país, tanto em 1908 como em 2007, pode encontrar um certo paralelismo no seguinte extracto do poema Pátria, de Guerra Junqueiro - um autor que é conhecido também por não morrer de amores pela Monarquia:

«- Os políticos: «Dois partidos "monárquicos", sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, na hora do desastre, de sacrificar à monarquia ou meia libra ou uma gota de sangue.

- A burguesia: «Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal.»

- O povo: «Humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai, um povo que eu adoro, porque sofre e é bom.»

- A economia: «Perda de gente e perda de capital, autofagia colectiva, organismo vivendo e morrendo do parasitismo de si próprio.»

15.1.07

O Homem que Empenhou as Barbas

Esse GRANDE homem, chamado D. João de Castro (1500 —1548) , antes de empenhar as próprias barbas para pagar a reconstrução das muralhas de Diu, tentou empenhar os ossos do filho, que em defesa desse território Indiano tinha perecido. Apenas, os restos mortais de D. Fernando de Castro, não estavam em aptos a serem exumados. Dirigiu então uma carta aos habitantes de Goa, onde entregava as barbas em penhor de um empréstimo para pagar as obras da fortaleza de Diu. Não pediu nada para ele próprio, nem nada aceitou para si. Recebeu da população de Goa uma soma maior do que tinha pedido, e a devolução do seu penhor.

Não foi apenas mais um militar, foi um homem de ciência e um filósofo, contemporâneo de personagens como o matemático Pedro Nunes (1502 - 1578), ou o Apóstolo das Índias, S. Francisco Xavier (1506 – 1552). Um Gigante Português, com certeza. Vale a pena conhecer mais.

14.1.07

Grande Portugal

Se há um mérito inquestionável na sondagem RTP "Grandes Portugueses", ele é ter relembrado que este pequeno país teve gente de muita qualidade, em quantidade quase inesgotável; gente cuja dimensão individual ultrapassou a das estreitas fronteiras de Portugal. Gente que marcou o seu tempo, e o que havia de vir, não havendo muitos países - para mais pequenos - a poderem-se gabar de ter influído tanto no mundo. Gente essa, que espera, no mínimo, que os que os sucedem no presente, não desmereçam do seu exemplo, da sua obra e do seu esforço pelo país...