8.3.07

“ALCIPE LUSITANA”

Nome de rainha, nome de mulher do povo, Leonor, segundo alguns, é nome de origem Árabe, para outros deriva do Grego, mas em ambas as línguas o significado aponta para “luz ou iluminação”.Távora, em contraste, é nome que significou tortura e sofrimento, no Século XVIII. Nascida em Lisboa em 1750, Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, mais conhecido pelo seu título de Marquesa de Alorna, era filha primogénita do Marquês de Alorna e Conde de Assumar, D. João de Almeida Portugal, e de sua mulher, D. Leonor de Lorena e Távora. Essa herança de nome e de sangue aos Marqueses de Távora, executados a mando do marquês de Pombal, devido ao seu alegado envolvimento numa emboscada ao rei D. José I, foi funesta para a jovem Leonor, que aos 8 anos de idade foi enclausurada no Convento de Chelas, em companhia de sua mãe e sua irmã, já o seu pai foi atirado para os calabouços.

Os quase 20 anos que passou como reclusa não impediram que Dona Leonor recebesse uma cuidada formação linguística, literária e científica, coisa rara para as mulheres da época, mesmo as “bem-nascidas”. Leu obras dos maiores escritores iluministas, como Racine, Rousseau, Voltaire e Diderot, que cedo lhe despertaram o gosto pela literatura e pela poesia. Contudo, as leituras que mais a marcaram devem ter sido as cartas que o seu pai lhe enviava, escritas com o próprio sangue, à falta de outra tinta, no cárcere. Teve ainda como mestre o padre Francisco Manuel do Nascimento, mais conhecido pelo seu pseudónimo nos ciclos poéticos da Arcádia Lusitana, de Filinto Elísio. Também ela tomou, como era uso no tempo, o nome literário de Alcipe. As suas poesias libertaram-se das grades e alcançaram grande fama vindo mais tarde a ser publicadas sob o título de Poesias de Chelas.

Dona Leonor e a sua família, saíram finalmente da prisão em 1777, depois do afastamento do Marquês do Pombal, por ordem de D. Maria I que havia sucedido a D. José. Tinha então vinte anos. Pouco depois, casou com o conde de Oeynhausen, que viera a Portugal com seu primo, o alemão conde de Lippe, contratado em 1762 pelo marquês de Pombal para organizar e comandar o nosso exército. O casamento realizou-se em 1779, apadrinhado pela rainha D. Maria I e pelo rei seu marido, D. Pedro III. Partem em viagem pela Europa, passando pelas cortes de Espanha de França e de Áustria, sendo a marquesa e poetisa recebida e homenageada pelos respectivos monarcas, imperadores e até pelo papa Pio VI. Fica viúva aos 43 anos, em 1793, ficando com seis filhos pequenos a seu cargo. Foi viver primeiro para Almeirim, onde patrocinou o ensino de raparigas daquela vila e imediações; mudou-se depois para outra propriedade que também possuía em Almada. Apesar das dificuldades financeiras, recebe em sua casa célebres figuras da vida literária, como Bocage (Elmano Sadino) e mais tarde, Alexandre Herculano, entre outros frequentadores do seu salão cultural onde se debatem as novas ideias políticas e também as novas correntes estéticas e literárias. As suas ideias liberais, no entanto, não agradavam ao Intendente Pina Manique; porém, pior foram as invasões Napoleónicas do princípio do século XIX, que a obrigaram a exilar-se em Londres, entre 1804 e 1814. Continua a escrever poemas, mas tem o desgosto de ver a filha ser amante do invasor Junot. De regresso a Portugal, mais uma vez um membro da família havia caído em desgraça, pelo que ao fim de dez anos de muita luta, obteve a reabilitação da memória de seu irmão D. Pedro, que por ter integrado a Legião Lusitana que acompanhou Napoleão à Rússia (morrendo no regresso), fora condenado como traidor à pátria. Foi somente nessa época que passou a usar do título de 4.ª marquesa de Alorna, e 6.ª condessa de Assumar, como herdeira de seu irmão. Faleceu aos 89 anos de idade, deixando seis volumes de "Obras Poéticas" e sendo uma mulher Ímpar na sua época, uma das mais notáveis vozes do pré-romantismo em Portugal. Alexandre Herculano chamou-lhe a "madame de Staël portuguesa."

1 comentário:

spring disse...

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paula e rui lima