O livro “Lugares Históricos de Portugal” foi encomendado pelas Selecções do Reader's Digest, que lançou um livro semelhante nos EUA, com grande sucesso. A diferença, salientou o Professor, é que há muitos mais espaços históricos em Portugal do que nos EUA “porque o que faz os lugares históricos “Não é o espaço, é o tempo!”
Esta edição é mais do que um livro de História. Dar a conhecer o património histórico, na perpectiva de promover o turismo, é a ideia subjacente por detrás da da obra.
“Nos somos um ponto único da Europa! O livro procura chamar a atenção para muita coisa que eu próprio não conhecia” - sublinhou.
Há muitas zonas do interior que se estão a sentir esquecidas e abandonadas; é por isso que o Professor, à beira dos 90 anos, faz as frequentes viagens que o levam onde pouca gente vai, para chamar a atenção para essas regiões cheias de coisas interessantes, para mostrar os motivos que as pessoas têm para lá ir. “Este livro, de certo modo, condensa o assunto dos programas. Eu não falo de nenhum sítio onde não tenha estado. Nada daquilo é escrito em segunda mão; é um resumo da minha experiência pessoal de passar por lá.”
Os Editores designaram cerca de 400 páginas para esta obra, mas, segundo o Professor, esse espaço não é suficiente para incluir todos os lugares históricos de um país com praticamente 900 anos. O Prof. Saraiva teve assim que limitar o número de terras que entraram nesta compilação, onde “as várias Lisboas” que compõem Lisboa (Medieval, Barroca, etc.), ocupam um espaço considerável e proporcional à sua importância como capital do país, desde há vários séculos. Como não podia deixar de ser, Palmela, a terra onde está radicado, também mereceu destaque - “Palmela é um dos mais extraordinários miradouros, na Europa!” Na sua opinião, é mesmo muito surpreendente que Palmela não tenha tido um lugar mais de destaque no concurso das “7 Maravilhas de Portugal”. O Historiador, ao seu jeito, disse que acha que não há “maravilhas” em Portugal, visto que fomos sempre um país pobre. Mas se tivesse que escolher um monumento nacional, “uma das jóias, menos comuns no mundo, e mais simbólicas, escolhia a Torre de Belém. É um monumento artístico, feito pelo rei D. Manuel I, para dizer “cá estamos nós, cá está Portugal!”. Mas conclui que a escolha não é fácil, quando existem tantos concorrentes, cada um com os seus valores. O mesmo se aplica em relação ao outro concurso do momento, “Os Grandes Portugueses”, cuja final será já no próximo fim-de-semana. “Não se pode comparar a Rosa Mota com o Egas Moniz! Gosto muito da Rosa Mota e gosto muito do Egas Moniz; mas entre os dois, como escolher? ”
O Prof. José Hermano Saraiva não hesita em afirmar que há interesse público pela História, e destaca o papel da RTP, que no seu percurso de meio século, tem prestado um serviço importante ao país. Já em relação à sua notada ausência na Gala dos 50 anos da Estação Pública, o Historiador referiu, modestamente, que a sua presença não era essencial.
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